A Vida e a História de MADAME C.J WALKER
Este texto se baseia em uma série da NETFLIX inspirada na história real de Sarah Breedlove, Madam C. J. Walker.
Os sete pontos na liderança de Madame C.J. Walker
Dedico-me há muitos anos a apoiar pessoas e empresas em seus projetos por meio de Coaching de Negócios para empresários e de Time, Coaching Executivo e de Carreira além do Mentoring.
Percebi que a série ilustra muitos pontos relevantes do sucesso ou insucesso que vemos em histórias reais.
Gostaria de destacar sete pontos, dentre muitos outros apresentados na série, que podem ser considerados na vida de empreendedores e empresários.
- A clareza da missão e a lealdade na tomada de decisões, como fator de sucesso.
- Encontrar as pessoas certas de apoio.
- A relação com a concorrência.
- Os medíocres que – quase sempre – se aproximam. Os erros das pessoas e suas limitações dentro do projeto.
- As imagens e a percepção para a tomada de decisões em momentos críticos.
- Equilíbrio emocional para “afinar” o olhar: a percepção do problema e da solução.
- A coragem de criar um produto que resolva um problema das pessoas.
A série se passa no despertar do século passado, e a protagonista é uma mulher, pobre e afro-americana!
Resiliência e muitas outras habilidades são exemplificadas na série, muito claramente. Os muitos obstáculos e como ela os contorna. Mas vamos aos sete pontos.
1. A clareza da missão e a lealdade a ela na tomada de decisões.
As primeiras cenas da série e as primeiras falas dão o tom: Sarah fala de um sonho e, na verdade, de uma paixão: “cabelo é poder”, “diz quem você é, de onde vem e para onde vai”, vinculando isso à identidade, poder pessoal, sucesso, além da autoestima. “Pretas não tem cabelos sedosos” e cabelos muito crespos não coincidiam com o padrão de respeitabilidade e beleza. E era essa a luta de Sarah!
No desenrolar da história, ela se mantém leal em todas as decisões, em especial, quando decide desfazer o negócio com uma grande farmácia – empreitada difícil de conseguir e demorada – e seguir na venda porta a porta, não obstante o conselho oposto de quem admirava muito. Por quê? Porque missão e visão não só estavam claras: seu sonho era tornar as mulheres independentes financeiramente e dar protagonismo à inteligência das mulheres afrodescendentes – como era esse seu legado. E assim foi!
Que relevância tem a clareza da missão na história dos empreendedores que conhecemos? Que papel exerce no êxito essa transparência, esse foco e fidelidade interna que se vê na série?
2, 3 e 4. As pessoas nos negócios, a grande importância de saber encontrar os parceiros certos, a relação com a concorrência e os erros dos gestores e suas limitações dentro do projeto.
Pessoas são fundamentais. Mas para serem fundamentais precisam ser leais. E precisam ter mérito.
A série também merece elogios por mostrar a realidade do mundo dos negócios: a concorrência e as forças contrárias; os jogos e as necessidades nem sempre nobres das pessoas de apoio.
Com uma determinação e uma força de personalidade ímpares e um amor forte pelo projeto, Sarah traz bons colaboradores e aliados, e também ganha inimigos: a primeira pessoa que a ajudou, a verdadeira criadora do produto, com a qual quis aliança. O primeiro NÃO que ouviu! Mais do que apenas um não, foi uma humilhação, e mais um ataque a sua autoestima.
Ela parece egoísta quando prioriza o projeto e fala dele como seu e não dá protagonismo ao marido. Diferente de um egoísmo estúpido, seu ego está centrado no ponto B, onde quer chegar: na valorização da mulher. Da mulher afro! Por isso a frase abaixo:
“Minha empresa tem que crescer comigo!”
Ela parece olhar apenas naquela direção e incomoda pessoas que têm outros interesses e outros planos. Ou não compreenderam isso. E eles se voltam contra ela.
A imagem recorrente em toda a série: a do ringue (criticável sob o ponto de vista cinematográfico que não é o foco aqui), onde ela luta com a concorrente, expressa bem aquilo que só quem está à frente de negócios sabe e vive! O opositor é que pode mudar, na vida real. O opositor no ringue pode ser o Governo, um concorrente forte e com mais recursos, uma fraqueza interna, um conflito interno ou até mesmo seu próprio Ego. Mas isso fica para um outro texto.
Sarah sabe selecionar as pessoas de apoio e sabe também, mesmo que com muita dor, renunciar a relações que antes foram aliadas.
Mas quem já teve que tomar decisões assim tão dolorosas e com um custo tão alto, sabe que, apesar da grande dor no coração, a sua mente e a sua alma “respiram” aliviadas. Há uma missão acima de tudo para ela. E sim, está em primeiro lugar!
“Nunca volte para o que te destruiu”!
Sarah é agressiva comercialmente e muito astuta e inteligente na comunicação e negociação com seus stakeholders. Tem autoconfiança e firmeza na linguagem, que exala sua crença e perfume de vitória!
Ela tem grandes ideias e capacidade de execução! Pensa grande, não desiste e cai em pé.
5. As imagens e a percepção para a tomada de decisões.
Tomada de decisões em contextos econômicos em que é preciso escolher caminhos e, especialmente, em momentos de crise, o quanto isso é fundamental?
Na experiência diária, no entanto, vemos que isso pode ser complicado. Frequentemente, esse é um ponto de melhoria, um dos objetivos dentro dos processos de Coaching.
Nesta série observamos como Sarah procede.
A série traz cenas que demonstram a “concentração” em que ela entra antes de tomar decisões.
Há várias cenas em que se observa Sarah se afastando, ficando sozinha por alguns minutos. Ou saindo para algum espaço aberto.
Na cena em que ela olha as proposições que são feitas pela área do que hoje chamamos de marketing (publicidade), e parece sintonizar consigo mesma; parece fazer conexões não apenas dedutivas, que poderíamos dizer – não apenas racionais. São percepções do caminho a tomar e principalmente do caminho a NÃO tomar.
Há diferença entre ouvir o outro e ouvir o outro e a si mesmo (internamente) contemporaneamente.
Há diferença entre observar e perceber: observar é focalizar um ponto, olhar a árvore e deter-se nela; perceber é mais amplo, é olhar a floresta, é o uso contemporâneo das capacidades cerebrais, é ver e sentir como aquela ideia ressoa no todo, se harmoniza com o sistema todo.
Isso é bem claro nas cenas em que ela ouve a ideia do marketing (seu marido) de usar a garota de bicicleta. E quando essas imagens voltam à sua mente quando está em Nova York e depois em casa quando sai ao jardim, procurando entender… É como se ela “soubesse” de todo o jogo da concorrência para derrubá-la. Do movimento contrário ao seu projeto, usando as suas vendedoras.
A passagem da destruição da imagem mental quando ela se imagina jogando um balde de água fria, representa a capacidade que ela tem de vencer os desafios, primeiramente, na própria mente. Há um jogo e é preciso desfazê-lo. Não é somente uma imagem banal! Aqui ela dá o “basta”!
Depois disso vem a ação externa, precisa, perfeita como lealdade ao projeto. Precisão cirúrgica no caminho do sucesso!
Com isso não queremos defender que decisões devam ser tomadas dessa mesma maneira, uma vez que cada empreendedor ou empresário, cada pessoa precisa encontrar o seu modo e precisa entender como se preparar e o que o ajuda a acertar. Na série, vemos que Sarah tem um estilo e que ele se mostra vencedor.
6. Equilíbrio emocional para “afinar” o olhar: para a percepção do problema e da solução.
Esse feeling, esse tipo de percepção afinada, esse olhar mais amplo, do que depende?
Um dos requisitos é o equilíbrio. Quando há ansiedade, obsessão pelo problema e não há clareza do propósito, o ambiente interno fica desfavorável e as lentes obscurecidas. Não é o caso da nossa protagonista, a Sarah.
Ela também é um bom exemplo quando identifica e fala sobre seus sentimentos. Ela os reconhece e os expressa.
Quanto isso é importante? Dali ela também extrai forças.
É um dos pontos a considerar no seu sucesso: a clareza do seu mundo interno, do que sente, deseja, ambiciona, das soluções e do legado que quer deixar.
Desnecessário falar de coragem, mas vamos lá!
7. A coragem de criar um produto que resolve um problema das pessoas.
A protagonista não cria o primeiro produto, mas sim sua linha de produtos capilares e cosméticos para mulheres afro-americanas. É notável a fé da protagonista no produto e sua garra para lutar e defender seu projeto como um grande negócio, capaz de mudar a vida das pessoas, capaz de elevar a autoestima das mulheres afrodescendentes na sociedade americana e das mulheres em geral como empreendedoras.
Da pobreza e da profissão de lavadeira à empresária milionária. Em um momento em que negócio é coisa de homens!
Sarah parte de sua fragilidade. De circunstâncias desfavoráveis. De sua autoestima baixa e da falta de perspectivas. Mas ela mudou sua vida… a partir de um produto para cabelo.
Do primeiro “não” da criadora legítima do produto, a um esforço para melhorá-lo e capacidades maiores de gestão que sua concorrente, ela não só melhora o produto como chega a industrializá-lo em grande escala.
Não perdeu tempo, não se deixou desviar pelas rivalidades instaladas e tomou decisões certeiras.
Forte perante os obstáculos, que não foram poucos, concordam?
Nesse momento tão diferente, inesperado e que desequilibra todos os nossos projetos e planos para o ano, quando precisamos usar as nossas forças, reforçar nossa saúde emocional e ter coragem de responder ao momento, penso que seja um bom exemplo.
Vamos em frente. Proponho um exercício:
Liste as competências que você percebeu em Sarah. Depois compare com a sua autoavaliação. Por exemplo:
- Foco
- Resiliência
- Tomada de decisões
- Formação de equipe
- Comunicação e argumentação
- Venda
- Etc…
Quais competências que, se você desenvolvesse ou lapidasse, teriam grande e positivo impacto?
Conte comigo se desejar pensar sobre isso.
Denise Bee – Mentoring & Coaching: Master Coach executiva, de carreira e de negócios, mentora com mais de 25 anos de experiência em desenvolvimento de pessoas e negócios. Psicóloga. Sócia-fundadora da Critério Humano – Desenvolvimento e Gestão de Pessoas. Escritora de artigos e Coautora do livro Empreendedor Total