Liderança: o difícil ponto de equilíbrio.


Você é um líder “bonzinho” ou um bom líder?

“A busca por um líder perfeito é similar a correr atrás do arco-íris”. Ram Charan.

Jonas é um sucessor de segunda geração, filho do fundador, e assumiu a Presidência recentemente. Ele é relativamente jovem e tem algumas características de um bom CEO. Suave na fala, tranquilo e moderado no seu estilo de vida pessoal, ele é diplomático com as pessoas. Além disso, é muito humano e ético. O projeto que herdou da família vinha crescendo até a sua gestão mas ele não foi preparado para presidir a empresa.

Com a transição de comando, e para dar conta das novas necessidades do negócio chegam à empresa novos executivos, trazidos por ele.

A cultura organizacional instalada vem de um líder paternalista, que era grande engajador de pessoas. Sabia fazer cada um se sentir importante e motivado. Todos amavam o líder e a empresa que caminhava sem processos e tudo estava na dependência dele. Inclusive dirimir os pequenos conflitos entre áreas e pessoas, criado pela cultura da competição pela aprovação do pai-líder e baixo espírito de equipe.

O choque entre os antigos e os novos colaboradores é natural e até certo ponto, inevitável. Assim instala-se um ambiente desafiador para esse líder, que precisa levar a empresa a mudar.

Quais os mais evidentes ganhos e que perigos estão presentes neste estilo diplomático e paternalista, para a empresa, nesse momento de transição?

– Líder humano ou chefe “bonzinho”?

O líder em questão tem, naturalmente, orientação ao ser humano.

É inegável a necessidade de gerar ambientes engajadores nas empresas com uma causa pela qual trabalhar. Então, atrair e reter talentos –desafio de todas as empresas – é mais fácil para este estilo.

A questão fica mais complexa quando esse mesmo líder entende que não pode perder ou contrariar ninguém, nem mesmo aqueles que passam a trabalhar contra a estratégia. O líder passa a ser um ouvinte indefinido, o que pode significar não só se deixar gerenciar  pelo colaborador, mas pelo problema dele!

– Capacidade de engajar ou medo, mascarado, do conflito?

Ser um líder que considera o humano não é sinônimo de proteger um colaborador apesar de erros vistosos, por medo do conflito, de desagradar e contrariar ele ou seu grupo de antigos funcionários aliados. Tomar decisões com o intuito de preservar relações, não pode fazer esquecer que esse não deve ser o único critério.

-A teoria da maçã.

O clima pode facilmente ser corrompido pela dinâmica de uma única pessoa.

-Esse estilo de liderança pode se aproximar à falta dela.

Ser tolerante demais com as fraquezas e não premiar a capacidade de fazer que consequências trará aos melhores colaboradores?

Espera-se do ‘Piloto’ a tomada de decisões, populares ou não!

O estilo de liderança paternalista pode levar a infantilização dos colaboradores que reeditam antigas relações parentais, desmotivar os melhores e diminuir a produtividade da empresa.

-A força da cultura.

O líder precisa ver e compreender a força da cultura organizacional existente e desenvolver a capacidade de geri-la. Ignorar a cultura organizacional pode levar a empresa a um fim precoce. O “deixa a cultura me levar” do líder paternalista é equivalente ao “deixa a vida me levar” no plano pessoal.

-Saber apoiar e saber impulsionar:

Há mais de 20 anos, quando eu atuava como psicoterapeuta ouvi de um supervisor: “é preciso aprender a dar bronca e também a dar colo”. Na vida corporativa esse equilíbrio entre o feedback negativo, o construtivo e o reconhecimento público reforçam o líder e a própria organização.

Saber a hora certa de uma coisa ou de outra e não perder o time talvez seja um dos grandes pontos do equilíbrio da liderança, assim como gerar um ambiente maduro profissionalmente, reforçando atitudes corretas, sem excessivo protecionismo.

O líder ‘bonzinho’ pode ser tão prejudicial a vida corporativa a ponto de ser letal para ela.

Denise Bee- Counseling de empresários  e executivos.  Master Coach executiva, de carreira e de negócios, com mais de 25 anos de experiência em desenvolvimento de pessoas e empresas. Founder da Critério Humano – Desenvolvimento e Gestão de Pessoas. Coautora do livro Empreendedor Total.

 

 

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